segunda-feira, 9 de junho de 2008

Uma estória como tantas outras, mas...

Estava um dia bonito, o sol batia nas janelas, trespassando-as e enchendo o quarto com calor, luz e aquela sensação de bem-estar. Sentado no seu sofá, ele limpava a guitarra com que tinha acabado de criar a sua última melodia, perdido no meio de pensamentos esperançados de que um dia talvez pudesse tocar aquelas musicas para um pequeno grupo de pessoas que ele achava essenciais na sua vida. Para ele a música é a grande companheira da sua vida, é através dela que ele se consegue expressar, que ele consegue dizer muitas vezes o que não quer dizer por simples palavras, enfim é uma das componentes vitais da sua vida. Para ele, um dia sem fazer ressoar aquelas notas que saltam das cordas da sua guitarra, é um dia escuro e sombrio por mais sol e alegria que haja, e por isso, como de costume, sentou-se e tocou. De olhos fechados, muitas vezes sem cantar, e apenas com a companhia de uma melodia perdida, ele atravessou mundos, descobriu sentimentos, encontrou respostas perdidas a muitas perguntas, mas ao contrario do normal, ele não se sentiu melhor...Não desistiu, e partiu em procura de outro tom, de outra escala, de algo que o fizesse esquecer a razão de ele estar sozinho naquele quarto, de qualquer coisa que pelo menos, temporariamente o levasse para outro sitio onde ninguem o conhecia, e onde não precisaria de dar explicações a ninguém. Por fim, depois de o conseguir, após ter esboçado um pequeno sorriso e de ter ignorado os azares da sua vida, houve um som que fez com que descesse á terra num piscar de olhos, algum som perturbou o equilibrio daquele quarto e pior do que isso, perturbou o seu equilibrio. Calmamente virou-se e procurou o telemovel, com algum receio e pensando que provavelmente não seria nada de especial. O seu dedo tremia quando carregou na tecla "ler" e pelos vistos tinha razões para tremer. Aquele momento decorreu em câmara lenta, enquanto ele fitava o infinito em busca de uma razão para sustentar o "porquê" daquela mensagem, e o telemovel lhe caia das mãos e batia contra o chão que em tempos esteve quente mas que agora partilhava o frio que provinha do rapaz que encontrava sobre ele.
Depois de muito tentar combater aquela solidão, recebeu mais um empurrão para o vazio, para o escuro, e já de nada lhe servia aquele momento anterior onde o sol lhe acariciava a face, as árvores dançavam ao som da sua guitarra e um ou outro pássaro o acompanhavam melodicamente. Já nada disso o confortava, e remeteu-se outra vez aquele sentimento que o perseguia. Pegou nas chaves e na carteira, arranjou uma desculpa qualquer e saiu de casa. Caminhou até ao parque mais próximo e sentou-se. Deixou-se invadir pela calma que o rodeava e respirou fundo. Sonhou com o seu mundo e durante uns segundos desapareceu daquele jardim onde se encontrava sentado sobre a relva fresca. Acordou...levantou-se de novo e prosseguiu o seu caminho. Ele sabe que o caminho que vida leva é uma caminho cheio de buracos que lhe cabe a ele preencher, mas para uma pessoa que está farta desse trabalho, é duro ter que abandonar aquele parque. Levantou-se e prosseguiu, já está habituado a faze-lo mas não pode deixar de sentir dor cada vez que o faz embora ele saiba que é a unica coisa que pode fazer a não ser deixar-se ficar sentado enquanto uma foice lhe retira o último suspiro e isso é algo que se recusa fazer. É triste, mas todos nós temos de nos levantar e prosseguir...

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