segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Palavras para que...

Naquela manhã o sol estava quente debaixo daquele carvalho antigo. Ele olhava para ela enquanto esta dormitava, saboreando o vento que lhe trazia notícias de outro mundo que ela desejava muito conhecer. Ele acordou cedo para vir ter com ela, dando uma desculpa qualquer á saida de casa. Ela encarou o facto como sendo uma reacção normal do seu amigo. As nuvens encobriam, por vezes o sol, refrescando por momentos a face dela que era minuciosamente observada. Sempre quis ter um momento daqueles com ela. Sonhava com ela, apaixonara-se á alguns meses e desde aí os seus olhos brilhavam assim que a viam. Aquele cabelo da cor do café, e aqueles olhos verdes penetrantes que lhe davam a impressão de poder descobrir o futuro. Ela vestia um vestido de seda branco, ele um par de jeans lavados e a sua t-shirt favorita. Nenhum ousava falar...ambos queriam aproveitar aquele momento, e tinham medo de o estragar com alguma palavra desapropriada. Enquanto o seu vestido dançava com o vento, um pequeno sorriso morreu na cara dele assim que notou que apesar dos seus esforços, pouca atenção ela lhe dava. Sempre quis que ela notasse o que ele sentia por ela, o que ele era capaz de fazer por ela, mas neste momento ja se contentava apenas por ela reconhecer a sua existencia. É duro não ser correspondido, e infelizmente ele já se começava a habituar aquela sensação.
A uma dada altura, as curvas mudam de sentido, onde antes havia branco de seda, agora existe relva, e aquela pequena sombra desaparece para dar vida a uma silhueta por cima dele. Ele não fala, ela não quer que ele fale, e beija-o como se nunca tivesse beijado ninguém, entrega-se a ele como nunca mais se iria entregar na sua vida. Aquele momento seria recordado durante anos por ambos, mas naquela data, ela move-se para o canto de onde veio, e ele permanece quieto, olhando de olhos muito abertos e surpreendidos o céu, no sitío onde estiveram antes os seus olhos. O coração acalma...ele volta a fechar os olhos e sonha, desta com razão para o fazer. A rapariga sorri, vendo o ar feliz do seu companheiro...retomam ambos as posições em que estavam á uns minutos atrás, agora mais felizes e completos. Não foi preciso uma palavra, não foi preciso quebrar aquele silencio que tornava tudo mais perfeito, foi apenas preciso mostrar o que se sentia...e isso há-de ser sempre o fundamental!